INSS vai administrar imóveis de um dos fraudadores de esquema liderado por Jorgina de Freitas

INSS vai administrar imóveis de um dos fraudadores de esquema liderado por Jorgina de Freitas

29/09/2011 | 12h09min

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) passa a administrar, nesta quinta-feira, 44 imóveis que pertenciam ao advogado Ilson Escóssia da Veiga, um dos fraudadores da Previdência no esquema liderado pela ex-advogada Jorgina de Freitas. O ato, que será oficializado nesta quinta-feira, no Rio, é resultado de liminar concedida em julho pela Justiça Federal, em ação movida

 

Entre os imóveis, há um apartamento no Leblon e outro em Ipanema, com valor estimado em R$ 6 milhões e R$ 3 milhões respectivamente. Os 44 imóveis fazem parte do espólio de Veiga, que morreu na cadeia em 2006, quando cumpria pena pela fraude.

 

O procurador-geral federal da AGU, Marcelo de Siqueira Freitas, diz que os apartamentos, lojas e vagas em garagens no Rio e outras cidades estão alugados. Atualmente o dinheiro vai para os herdeiros de Veiga. Segundo ele, um levantamento da AGU revelou atrasos no pagamento de IPTU e condomínio. Um dos imóveis estaria sem pagar IPTU desde 1992.

 

O pedido de liminar da AGU teve como objetivo transferir a administração dos imóveis provisoriamente para o INSS, enquanto o governo aguarda o julgamento de mérito da ação. A partir de hoje, o dinheiro dos alugueis deverá ser depositado numa conta da Caixa Econômica Federal e será usado para pagar dívidas de IPTU e condomínio.

 

A posse definitiva dos imóveis dependerá do julgamento da ação principal, que ainda tramita na primeira instância da Justiça Federal fluminense e deve prolongar-se por anos, considerando os recursos possíveis a instâncias superiores. Com a liminar, a AGU buscou evitar um efeito bola de neve nas dívidas. Afinal, no fim do processo, a AGU espera recuperar o patrimônio comprado com verbas desviadas da Previdência. Quando isso ocorrer, a intenção é levar os 44 imóveis a leilão, revertendo o dinheiro da venda para o INSS. O não pagamento de IPTU e condomínio acarreta multas e juros.

 


 

Em valores atualizados, a quadrilha liderada por Jorgina teria roubado R$ 2 bilhões, segundo o procurador regional federal da 2.ª Região, da AGU, Marcos da Silva Couto. A fraudes foram praticadas entre 1988 e 1991. O advogado Veiga teria levado mais de R$ 100 milhões. A força-tarefa da AGU e da Previdência já recuperou cerca de R$ 80 milhões desviados. No caso de Veiga, já foram recuperados cerca de R$ 35 milhões, com o leilão de 36 outros imóveis e 522 quilos de ouro.

 

Segundo o procurador Couto, que atua no Rio, a força-tarefa já leiloou 117 imóveis de toda a quadrilha e aguarda a reavaliação de preços de mais 102 que também serão leiloados. Outros 308 imóveis foram hipotecados pela Justiça, isto é, não podem ser vendidos. Era o caso dos 44 que passam a ser administrados hoje pelo INSS. O procurador-geral Marcelo de Siqueira Freitas explica que a hipoteca, no entanto, não impedia que os donos - no caso, os herdeiros de Veiga - ganhassem dinheiro com o aluguel dos bens.

 

A liminar concedida em julho pela juíza substituta da 29.ª Vara da Justiça Federal fluminense, Caroline Medeiros e Silva, é a primeira do gênero obtida pela AGU. Para Marcelo Freitas, a decisão teve caráter pedagógico:

 

- É importante porque mostra que, mesmo durante a tramitação dos processos, aqueles que se locupletam com o patrimônio público não continuarão se beneficiando economicamente em detrimento do Estado.

 

O primeiro passo do INSS e da AGU, após o ato de hoje, na Justiça Federal, será fazer um levantamento sobre o valor e a situação dos imóveis. Em princípio, os contratos de locação serão respeitados, exceto nos casos em que houver irregularidades ou cessão de uso gratuito para familiares ou amigos.

paraiba.com

O Globo


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